Henrique Lombaerts
Texto-fonte:
Obra Completa, Machado de Assis,
Rio de Janeiro: Nova Aguilar, V.III, 1994.
Publicado originalmente
Durante muitos anos entretive com Henrique Lombaerts as
mais amistosas relações. Era um homem bom, e bastava isso para fazer sentir a
perda dele; mas era também um chefe cabal da casa herdada de seu pai e
continuada por ele com tanto zelo e esforço. Posto que enfermo, nunca deixou de
ser o mesmo homem de trabalho. Tinha amor ao estabelecimento que achou
fundado, fez prosperar e transmitiu ao seu digno amigo e parente, atual chefe. A Estação e outras publicações acharam
nele editor esclarecido e pontual. Era desinteressado, em prejuízo dos negócios
a cuja frente esteve até o último dia útil da sua atividade.
Não é demais dizer que foi um exemplo a vida deste homem,
um exemplo especial, por que no esforço continuado e eficaz, ao trabalho de
todos os dias e de todas as horas não juntou o ruído exterior. Relativamente
expirou obscuro; o tempo que lhe sobrava da direção da casa era dado à esposa,
e, quando perdeu a esposa, às suas recordações de viúvo.